quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012




Todas as noites ela escrevia cartas sem destinatários e colocava na gaveta ao lado de sua cama. Em uma das noites, quando ela abriu sua gaveta notou que ela estava cheia. Tomou um papel sobre as mãos, e com lágrimas nos olhos começou a escrever rapidamente.
” Olá, esta será a ultima carta que escrevo-te, pois como prometido quando não coubesse mais papeis em vão nessa singela gaveta, eu partiria de sua vida. E partirei com as suas dores, assim espero. A dor que carrego em meus braços, é uma formiga ao lado do universo de coisas ruins que vivem em mim. Não sei se sabe das novidades, eu conto algumas em várias cartas mais creio que só terá tempo para esta então reunirei-as aqui. Voltei a beber, deve estar pensando que eu bebia pouco, só que agora eu bebo muito para tentar fugir desta vida. Comecei a fumar, um cigarro após o outro, uma recordação após a outra. Nossa casa esta cheirando maconha, então acho que não entrará aqui tão cedo. Estou me cortando. Quando me conheceu eu fazia isso pelo menos uma vez por semana, e você me fez parar cobrindo-me com seu amor. E agora voltei, oito vezes por dia, e quando nossa música toca na rádio. E choro todos os dias, notará isso pela sobra de água em meu travesseiro. Hoje acordei de um sonho lindo, no qual você me amava. Ironia, não é? E realmente acho que engoli uma navalha, pois todos os dias ela rasga meu peito um pouco mais… Ah, a proposito, vi sua foto no jornal hoje, sorrindo ao lado de sua noiva anunciando um lindo noivado, meus parabéns antes que eu acabe essa carta. Parabéns por encontrar a garota perfeita, cuja beleza seja digna de seu amor. Lembro-me das vezes em que eu tentei ser bela para você, e só me magoei ainda mais. Vou parar de escrever, afinal de contas não quero tomar seu precioso tempo em vão. Não se culpe pelo que farei, não foi por você, e sim por uma junção de sua perca com todos os meus erros. Quero que sorria ao ler minhas ultimas palavras. Eu te amo, te amei, e sempre amarei. Não pude estar contigo em quanto viva, mas juro-te que cuidarei de você no céu. Serei teu anjo, afinal.”
Ela colocou suavemente a carta sobre a gaveta lotada e a fechou quieta. E no silencio da noite pegou a arma que estava sobre seu criado mudo e atirou em seu coração. O barulho acordou toda a vizinhança e rapidamente chamou a policia e correram para sua casa. 
1h30 o telefone dele toca.
- Diego?
- Sim?
- Pode comparecer a casa de Isabella?
O coração dele bateu rápido demais e ele jogou o telefone na cama e saiu correndo para a casa dela. Ao chegar viu todos os carros de policia parados, uma ambulância e alguns de seus amigos chorando ao lado de fora. Entrou correndo, lutando contra todo que se colocasse em seu caminho. E ao chegar viu sua antiga amada esticada sobre a cama.
- Ela deixou isso para você. - O policial entregou a carta em suas mãos.
Ele leu atenciosamente, e chorou ao cair no chão e notar o colar que ele lhe deu no primeiro mês de namoro. Os sonhos deles passaram por sua cabeça e ele não sabia o que falar… Afinal, era tarde demais. E ao chegar no final da carta, ele abriu um sorriso, pois ela prometia aquilo todos os dias em que eles estiveram juntos…
- Eu te amo. - Disse entre o choro. - Eu sempre te amei. - Gaguejou. - Me perdoe. 
E entre o choro ele notou que nada mais poderia ser feito, afinal de contas ele escolheu esse caminho para ela… Mas mal sabia ela que em todas as noites, ele a pedia a Deus…

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