quarta-feira, 2 de abril de 2014

Ele andava pela cidade todos os dias, ficava com todas, tentando preencher um vazio no peito. Quando um dia desses a avistou, sorrindo a toa, com um lindo vestido vermelho, estranhou o fato de estar usando logo essa cor, pois dissera certa vez que nunca usaria. Estava linda, percebia-se que havia se transformado em uma forte mulher. Os pensamentos dele não o deixavam em paz, era perturbado pelo fato de nunca haver se perdoado por ter permitido que o amor de sua vida escapasse. E pensar que tinha sido apenas uma atração por uma garota da mesma turma do colegial. Voltou ao passado, quando terminou o namoro instável e feliz, naquele momento do término, sabia que estava fazendo uma escolha errada e futuramente iria se arrepender, mas não queria enganar Caroline, sua namorada, seus desejos por outra, já haviam ultrapassado as forças que tinha para continuar aquele namoro sem graça, que só começou por um amorzinho de infância, que até já havia passado. E agora, depois daquela aventurazinha de um ou dois meses, ao ver Caroline passar, sabia que o vazio no seu peito era dela. Sentia-se burro, completamente tolo por tê-la deixado escapar, ela parecia entender tudo o que ele estava sentindo só olhando no fundo dos seus olhos, e quando tudo ia mau, era ela que o acolhia, Pietro sentia falta da sua companheira carinhosa e amável. Via o quanto ela estava forte. Parece que ele não tinha feito nenhuma falta na vida dela, tinha até pensado que quando deixara ela havia sofrido, mas pelo jeito, não. Já estava segurando a mão de outro, provavelmente seu novo namorado. Pietro, tentava disfarçar a falta que ela fazia, conversava e gargalhava, com as amigas que sempre soube que Caroline odiava, apesar de nunca admitir. Ele pensava até que podia despertar os ciumes nela, mas nada era demonstrado por Caroline. Quando ela o viu acenou e sorriu, e foi puxada pelo rapaz bonito e bem aparentado que estava ao seu lado, ele que devia ser ciumento. Pietro pensou que sua princesinha havia crescido e aprendido com a dor que ele causara, com certeza o tinha superado. Ao contrário dele, que se esforçava de todos os jeitos para demonstrar o quanto estava feliz, mas sabia que tudo aquilo não passava de um disfarce. É, de uma vez por todas tinha que aguentar com as consequências da sua decisão.
Ela estava tão triste, havia um ou dois meses, desde que a pessoa que mais amava e confiava a tinha abandonado. Para ela, tinha sido uma surpresa, seu grande amor de infância, seu namorado querido, terminar o namoro de repente, com uma desculpa sem lógica de que estava se sentido confuso, pressionado. Caroline não conseguia entender o porque do amor machucar tanto. A mãe acompanhava a dor da filha de perto e resolveu presenteá-la com um lindo vestido vermelho. Caroline assim que viu, não pode conter seus pensamentos e lembrou que havia dito a Pietro, seu ex-namorado, que nunca usaria vermelho, pura provocação, só por saber que era a cor preferida dele. Sem querer, voltou ao passado e lembrou de palavras, promessas, beijos a carícias trocadas, que só ficariam na memória, se perderiam num tempo que não voltaria mais. Caroline resolveu que dali por diante seria forte, começando ao parar de pensar naquele que a fez passar pelo pior momento da sua vida. Não podia evitar de saber sobre Pietro, e acabou ouvindo por aí que ele estava com uma qualquer da mesma turma do colegial, quando soube, ficou muito triste por não entender que tipo de sentimentos eram aqueles dele, tão fáceis de acabar, um amor mentiroso e falso, e é porque dizia amá-la desde criança. Como havia sido tola! Era momento de seguir em frente. Naquele fim de tarde resolveu ligar pro seu amigo Gabriel, ele nunca a havia deixado na mão. Combinaram de tomar um sorvete, Caroline logo pôs seu vestido vermelho, se olhou no espelho, e pela primeira vez desde o dia em que o coração fora despedaçado, sentia-se radiante de felicidade. Foi um finalzinho de tarde incrível! Assim como imaginara, seu amigo não tinha perdido mesmo o jeito de fazê-la sorrir por besteira. Já era noite, e depois de ter tomado o sorvete, Gabriel a convidou pra dar uma volta pelo calçadão do centro da cidade. Estavam andando em meio a passos lentos enquanto olhavam as pessoas ao redor e o modo de se comportarem, quando Caroline congelou, ela ainda estava sorrindo de uma piada sem noção que Gabriel tinha acabado de contar, quando viu Pietro gargalhando com as amigas que ela sempre detestou, mesmo sem admitir. Aquele era o momento de mostrar o quanto estava(ou queria estar) forte. Segurou e apertou a mão direita de Gabriel, pois ele lhe passava conforto e segurança, e com a outra mão acenou para Pietro, deixando o sorriso falso fixado no rosto. Era visível o desinteresse estampado no rosto de Pietro ao acenar para ela, rapidamente voltou a sua conversa. Era como se tivessem tirado o band aid de um ferimento ainda sem cicatriz do coração de Caroline. Não podia evitar olhar no fundo daqueles olhos de Pietro e não lembrar o quanto aquele olhar havia sido refúgio de paz, ver aqueles lábios vermelhos despertava nela o desejo de beijá-lo e ouvi-lo dizer sussurrando no seu ouvido que tudo aquilo era apenas um pesadelo. Mas não era, não era um pesadelo. E ela podia ver o quanto ele estava feliz com sua nova vida, sua liberdade. Não conseguiu evitar as lágrimas. Em meio aos seus pensamentos percebeu que Gabriel a puxava cuidadosamente pelo braço para sair dali. E ela foi, sem sentir seus pés tocarem o chão, seu corpo estava dormente. Seus pensamentos vagos. E muitas lágrimas escorriam pelo seu rosto pálido. Não sabia o que iria fazer, só queria mesmo era agradecer por ter um anjo como Gabriel […]
- Járbia Freire

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